sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OUTROS CONTOS

«A Dívida», conto poético por Luiza Neto Jorge.

«A Dívida»
O Prestamista/ Quentin Massays

1119- «A DÍVIDA»

Viva no instantâneo lábio do punhal
na hora diariamente imóvel

As dívidas crescem já são ásperas
magoam a pele já são pus

O dia começa pela sombra
como um povo começa pelo pó
Luz e morte coincidem hora a hora

A dívida alastra   abre as asas
leva-me sonhos débeis tudo a tenta

Atrás do meu gesto
a mão sozinha os dedos conspirando
assimétricos
salientes do corpo até à morte

Já hoje os doava se pudesse
Com que arma porém os separar de mim?

A dívida mais cresce
enquanto eu penso

Luiza Neto Jorge

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