quarta-feira, 31 de maio de 2017

OUTROS CONTOS

«Xaile de Silêncio», conto poético por Mário Cláudio.

«Xaile de Silêncio»
Diva do Fado, Amália Rodrigues

1031- «XAILE DE SILÊNCIO»

Que xaile de silêncio nos deixaste 
Que forma tão estranha de viver 
Ó voz que ardes na sombra, espinho e haste 
Lenço acenando em cada entardecer

Ao anjo português, branca tormenta 
Que os Fados te embalou, rezaste o terço 
E os barcos carregados de pimenta 
Por ti se tornariam nosso berço

As mães em ti cantavam docemente 
Doridas pela chama da amargura 
E a urze dos pinhais nascia rente 
À terra que lhes fora sepultura

Soubeste a cama estreita das varinas 
A malga, o beijo, o sono da colheita
O vulto dos amantes nas esquinas 
O voo da gaivota mais perfeita

Que xaile de silêncio nos deixaste 
Que forma tão estranha de viver 
Ó voz que ardes na sombra, espinho e haste 
Lenço acenando em cada entardecer

Mário Cláudio

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