terça-feira, 5 de julho de 2016

A MORTE DE UM AMIGO

Foi hoje a sepultar um grande amigo da nossa família, o senhor António Tátá. O senhor António era o homem da matança do porco na casa dos meus avós, e eu, como toda a família, tínhamos por ele grande estima e admiração. Para todos os familiares o meu voto de pesar, com um abraço de solidariedade para o Francisco Manuel, seu filho. Fica o registo da matança do porco em foto-poesia, numa homenagem muito sentida a um grande ser humano: António Tátá, descansa em paz!
Poet'anarquista
«A Morte do Porco»
Em cima, da esquerda para a direita: Comadre Edviges, Tita, Antónia Cardoso, Gai
Em baixo, da esquerda para a direita: Jico, António Tátá, Cabé

A MORTE DO PORCO...

Nas vésperas da matança do porco...
Sempre ansioso com a chegada desse dia,
Minha alma inquieta, eu feito um louco,
Pois não gostava quando o porco morria.

Aquele barulho forte que então ouvia
E que aos poucos se tornava mais rouco...
Deitado na cama, fingindo que dormia,
Desejava nesses instantes puder ser mouco.

Quando ouvia os sons familiares pelo jardim
Na azáfama habitual de qualquer matança, 
Saía do meu quarto com toda a confiança...
A vida do porco tinha chegado ao seu fim.

Ainda hoje ouço esses guinchos aflitivos
Em sonhos, de quando eu era criança...
O grunhir dos porcos já sem esperança,
E no jardim, os sons familiares afectivos!

Matias José

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