segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

OUTROS CONTOS

«A Aventura do Pudim de Natal», por Agatha Christie.

«A Aventura do Pudim de Natal»
Pequeno excerto/ Agatha Christie

386- «A AVENTURA DO PUDIM DE NATAL»

[Pequeno Excerto]

A bem da verdade, a cena era um tanto dramática. A poucos
metros de distância, Bridget estendia-se na neve. Usava um pijama
escarlate e um agasalho de lã branca sobre os ombros. O agasalho de lã
branca estava manchado de carmesim. A cabeça estava virada de lado e
escondida pela massa de seus negros cabelos, espalhados. Um dos
braços estava debaixo de seu corpo, o outro estendido, os dedos da mão
cerrados e, surgindo de bem do centro da mancha carmesim, o cabo de
uma grande faca do Curdistão que o Coronel Lacey mostrara a seus
convidados nada mais nada menos do que no dia anterior.

— Mon Dieu! — exclamou M. Poirot. — Parece coisa de teatro.

Michael emitiu um ligeiro ruído de riso abafado. Colin pôs-se a
falar rapidamente.

— Eu sei — disse ele. — Bem... de alguma forma não parece real,
não é? Mas o senhor está vendo estas pegadas? Acho que não
deveríamos desmanchá-las.

— Ah, sim, as pegadas. Não, devemos ter cuidado para não
desmanchá-las.

— Foi o que pensei — disse Colin. — Por isso é que não deixei
ninguém chegar perto dela antes do senhor vir até aqui. Achei que o
senhor saberia o que fazer.

— Mesmo assim — disse Hercule Poirot, rapidamente — em
primeiro lugar temos que ver se ela ainda está viva! Não é mesmo?

— Bem... sim... é claro — disse Michael, um pouco em dúvida, —
mas sabe, nós pensamos ... quer dizer, não gostaríamos...

— Ah, vocês são prudentes! Leram histórias de detetives. É da
maior importância que não se mexa em nada e que o corpo permaneça
como está. Mas ainda não podemos ter certeza de que se trata de um
corpo, ou podemos? Afinal de contas, embora a prudência seja
admirável, os sentimentos humanos vêm em primeiro lugar. Temos que
pensar no médico, não é mesmo, antes de pensarmos na polícia.

Agatha Christie

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