sábado, 12 de outubro de 2013

OUTROS CONTOS

«Amor Solitário», por Orson W. Calabrese.

Conto erótico, englobando duas pequenas histórias: «O Jovem Pastor» e «A Amiga da Mãe», pela primeira vez publicadas em espaço de leitura pública. O seu autor, de pseudónimo Orson W. Calabrese, oferece aos leitores o retrato de um jovem pastor espreitando a nudez feminina que se lhe deparou e, na segunda história, um rapaz de quinze anos de olhos postos na beleza corporal de uma velha amiga de sua mãe. Qualquer das situações, fruto do acaso, proporcionaram momentos solitários de grande êxtase. Boas leituras de fim de semana!
Poet'anarquista 

“Amor Solitário”
«O Jovem Pastor»
Azulejo/ Anos Sessenta

5- O JOVEM PASTOR

Era verão. Escondido entre os afloramentos xistosos e as estevas do meio da escarpa do Castelo Velho, presenciava uma cena para si inédita.

Com os olhos arregalados, escondido pelo matagal, via a mulher executar o mais fantástico strip-tease que poderia imaginar: primeiro, ela, tirou os brincos, um a um; depois, muito lentamente, e olhando em volta para se certificar que estava só, despiu a T-shirt. E acima da cintura não tinha mais nada para despir.

«De Olhos Arregalados»
Milo Manara 

As mãos em concha tapavam os seios, pequenos e redondos, com os mamilos aparecendo por entre os dedos. O umbigo espreitava do centro da barriga lisa e musculosa. Com dois movimentos das pernas, que mais pareciam pontapés, jogou os sapatos para a erva que bordejava a ribeira. Virando-se de costas e rodando as ancas, deixou escorregar a saia, entrando rapidamente nas águas do Lucefecit. 

Minutos depois, quando ela terminou o banho, saiu do jeep o homem com uma toalha que escondeu o corpo da mulher. Logo de seguida meteram-se na viatura e saíram do seu campo de visão. Davam por terminada a visita às ruínas do povoado milenar a que por estas bandas chamam Castelo Velho. 

Povoado Milenar do Castelo Velho
Calcolítico/Bronze Final/Idade do Ferro/Época Islâmica 

Nessa noite, sozinho no seu quarto do Monte do Meio, o jovem pastor deu largas à fantasia e fez amor com a mulher que durante a tarde lhe enchera a cabeça de sonhos.

Orson W. Calabrese

“Amor Solitário” 
«A Amiga da Mãe»
Esboço/ Manara

6- A AMIGA DA MÃE

Era verão. Uns dias depois do início das férias grandes, mal tinham acabado de desfazer as malas, foi informado que no dia seguinte receberiam a visita de uma antiga companheira de estudos da mãe. Era uma velha amiga dos tempos da universidade. A visita incluiria almoço e um passeio a cavalo pelas redondezas. 

Quereria ele acompanhá-las? Não. Não queria acompanhá-las. Preferia tentar a sorte numa pescaria antes que o estio interrompesse o caudal  da Ribeira do Lucefecit. Assim, ainda antes do sol nascer, já ele montava a sua moto-quatro e rumava à ribeira. Baldado dia. Apenas duas bogas, e muito pequenas, como trofeu. Enfim, tudo era preferível do que ficar a aturar as recordações nostálgicas de duas quarentonas.

 Já o sol se encontrava no ocaso quando estacionou no terreiro do monte, junto à porta da cozinha, a fim de deixar o pescado no frigorífico. Estranhou não encontrar a mãe, e com um encolher de ombros, encaminhou-se para o seu quarto. Estranhamente, a porta estava entreaberta. De mansinho, porque alguém assobiava lá dentro, espreitou. E o que viu deixou-o atónito.

«Mulher ao Espelho»
Milo Manara 

Uma mulher, defronte ao espelho do seu guarda-fatos, colocava desodorizante nos sovacos. E estava nua. Completamente nua. Com o corpo ainda perlado de gotas de água, certamente por ter saído do banho há momentos. Ele via-a de costas, e por momentos olhou aquele corpo de mulher feita, aquele dorso que se inclinava para a frente. Reparou na estreiteza da cintura e no alargar dos flancos, na redondez das nádegas, a meio fendidas, na escultura das coxas, na elegância das pernas. 

Estonteado, pois nunca vira nada igual, deu meia volta rapidamente e foi sentar-se na varanda, aonde a mãe o encontrou quando vinha do lado das cavalariças. «- Hoje você vai ficar no antigo quarto do cocheiro, porque a minha amiga vai pernoitar cá e dormirá no seu quarto. Importa-se?-», assim explicou a mãe a situação. 

«Fantasiando com Amiga da Mãe»
Milo Manara 

E nessa noite, quando se encontrou sozinho, no antigo quarto do cocheiro, no Monte do Meio, aquele filho que nem quinze anos teria, fantasiou largamente e fez amor com a amiga da mãe.

Orson W. Calabrese

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei! Muito bem contadas as histórias e muito bem enquadradas as imagens. Venham mais, destas ou doutras, que uma história bem contada dá mais sabor à escrita.

Joana